Os próximos anos exigirão ações pragmáticas e posturas diplomáticas, principalmente de nações como Brasil e Estados Unidos para reerguerem suas economias. As duas maiores potências das Américas foram substancialmente impactadas pela pandemia do novo coronavírus e, agora, se vêem em uma relação cada vez mais dependente da China. Ainda que ambas tenham recentemente revelado algumas contrariedades com o mercado chinês, a potência asiática, que já tinha um grande peso nas relações econômicas; mostra-se como a porta para que estes países consigam sair da crise.
Há mais de uma década o Brasil enfrenta um cenário instável, mas em 2020 os índices foram os piores dos últimos anos. Fora do ranking das dez principais economias do mundo, o consumo das famílias caiu em 5,5% e os gastos públicos retraíram 4,7%. O único setor que apresentou crescimento foi o do agronegócio, com avanço de 2% devido às exportações para a China. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram apresentados pelo co fundador da BMJ Consultores Associados e ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, no webinar “EUA, China e Brasil: Relações Econômicas em um mundo pós-pandemia”, realizado no último dia 10.
Enquanto a economia mundial teve queda média de 4,4%, derrubando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e dos Estados Unidos, em 4,1% e 3,5%, respectivamente; a China cresceu 2% e voltou a comprar do mundo, enquanto seus dois maiores exportadores de carne e soja só viram crescer o número de vítimas da Covid-19. No Brasil, a participação chinesa chegou a avançar 4 pontos percentuais, o que significou um terço das exportações, ou 32,3%, com cerca de 70% deste volume vinculado à soja e 15% à carne.
Para Barral, “os três países são chaves no sistema multilateral de comércio, tanto pelo viés econômico quanto o de representatividade”, mas prevê que as fagulhas entre China e Estados Unidos devem continuar nas discussões da Organização Mundial do Comércio. Algumas feridas abertas no governo Trump tentam ser fechadas em novas negociações com o atual presidente Joe Biden, mas lacunas ainda são previstas para este ano.
Ainda que Brasil e Estados Unidos tenham sistemas produtivos agropecuários semelhantes, nosso País também deve considerar algumas dificuldades para suprir o mercado chinês, especialmente por problemas diplomáticos ocasionados pelo governo de Jair Bolsonaro. “Não está claro como o Brasil vai se comportar nessas negociações, mas vamos assistir mudanças nas práticas da exportação”, sugere Barral.
Ainda que se avalie uma alta de 4% na economia mundial em 2021, é na China que se deve registrar o maior índice, com elevação do PIB em 7,9%, mais que o triplo de 2020, além da contínua aplicação de estratégias para conquistar cada vez mais mercado. “A China tem uma estratégia muito inteligente e atraente, baseada em relações de oportunidades. Em vez de super taxar os seus parceiros, ela coloca condições comerciais que projetam acordos seguros para ambas as partes, e assim vai conquistando cada vez mais países”, explica o especialista da BMJ, Welber Barral.
A Gerente de Relações Institucionais da BMJ Consultores Associados, Verônica Prates, também participou do debate como mediadora da conversa. Segundo a especialista em comércio exterior "os temas debatidos para as relações entre os três países são sempre significativos. Apesar das dificuldades previstas, a China é um parceiro muito relevante para o Brasil e há dez anos ultrapassou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil e é tanto destino importante das nossas exportações quanto das importações, sobretudo para o agronegócio".
No webinar, que também contou com o Dr. Stephen Kaplan, especialista em formulação de políticas macroeconômicas, ascensão da China no Hemisfério Ocidental e política latino-americana, Barral e Kaplan concordaram que o Brasil está em uma posição única. Cabe agora ao governo brasileiro saber criar estratégias para não só continuar a ser o maior fornecedor de carnes e soja da China e um dos principais exportadores de minério e petróleo, mas também para reconquistar o mercado dos manufaturados, usando essas condições positivas fortalecer e restabelecer sua economia.
Sobre a BMJ
A BMJ Consultores Associados foi fundada pelo ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e pelo ex-Secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. Desde 2011, a consultoria agrega credibilidade às análises sobre os mais amplos temas relacionados à economia, política, comércio exterior e relações internacionais, envolvendo entidades públicas e a iniciativa privada. Com sede em Brasília e escritórios em São Paulo e Belo Horizonte, conta com parceiros internacionais e profissionais de diversas áreas como: Ciência Política, Economia, Direito, Relações Públicas e Relações Internacionais.
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