Exercer atividade jornalística responsável, no Brasil não tem sido tarefa fácil para os profissionais da comunicação. Houve aumento nas violações à liberdade de expressão, na comparação entre dados de 2017 e 2018. O relatório da ABERT, Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV, aponta que houve aumento no número de processos que levaram ao judiciário questões relativas ao jornalismo, e em ao menos 30% dos casos. As decisões foram mais negativas e cercearam ou impediram o trabalho dos comunicadores.
Em 2018, foram 26 decisões em ações deste tipo e 13 condenaram empresas de comunicação e mesmo jornalistas. Por outro lado, a maioria dos pedidos de danos morais feitos contra repórteres não foi acolhida pela justiça. E quando o próprio STF (Supremo Tribunal Federal) autoridade máxima do judiciário, atuou para impedir a publicação de uma reportagem, isso se tornou motivo de muita discussão a respeito da censura do poder judiciário ao trabalho da imprensa. É um período de inovação tecnológica e que exige novas visões para o horizonte que vai se estabelecendo nos meios digitais, os meios tradicionais ainda debatem qual caminho seguir, mas são unânimes ao afirmar que precisam atuar em multiplataformas, a convergência digital é uma necessidade para sobrevivência do setor.
O 11º Fórum de Liberdade de Imprensa e Democracia
Um dos debates levantados no 11º Fórum de Liberdade de Imprensa e Democracia, realizado em Brasília, foi a responsabilidade e a ética dos novos canais que divulgam informações como sites, blogs e veículos independentes no meio digital. Diferente dos veículos tradicionais nem todos prezam pelo direito ao contraditório, nem todos têm a preocupação de dar direito de resposta aos citados. E a questão é estender a esses profissionais a mesma responsabilidade, até mesmo pela abrangência exponencial dos meios digitais e principalmente pela preocupação de que é um ambiente intoxicado pela propagação de notas mentirosas como as fake news.
O presidente da Abert, Paulo Tonet Camargo, acredita que a imprensa é o antídoto para conter a desinformação. “Em um mundo de fake news, o remédio é mais jornalismo, mais jornalistas e um melhor exercício da profissão”, disse ele no lançamento do fórum. O balanço da organização Repórteres sem Fronteiras indica também que a preocupação é mundial, no ano passado 80 profissionais de imprensa foram assassinados e até o momento outros 348 estão presos e mais 60 são reféns. O Brasil está entre os países em que desempenhar a função é das mais arriscadas.