Falta de moradias e habitações com condições sanitárias precárias ou inexistentes é o antagonismo do que exige a saúde pública para enfrentar a covid-19
A quarentena é considerada a forma mais segura de superar a crise provocada pela pandemia do coronavírus, reduzindo a contaminação em massa, já que os riscos ainda são altos e podem tornar a situação ainda mais difícil. Não é a toa que o sonho de milhares de brasileiros é ter a casa própria. No Brasil, a questão é um problema histórico, e diante da atual situação, o tema ganha ainda mais relevância, já que as medidas de saúde e bem estar recomendadas pela Organização Mundial da Saúde incluem isolamento social, dentro de casa. Mas como se protegem as milhares de famílias que não possuem moradia?
Além disso, existem inúmeras pessoas que residem sem o mínimo de bem-estar: falta espaço, saneamento básico e mesmo infraestrutura para isolar uma pessoa contaminada, se for necessário, em moradias de um ou dois cômodos. De acordo com o Ministério da Saúde, nos casos de salas compartilhadas ou casas com apenas um cômodo, pessoas infectadas e pessoas sem a doença não podem compartilhar o mesmo sofá ou colchão e os moradores devem ficar a no mínimo dois metros de distância da pessoa contaminada. Num país com tanta desigualdade social e de renda, não é difícil imaginar a situação de muitos brasileiros neste momento.
Como medida de segurança à saúde, também empresas dos mais variados segmentos estão propiciando aos colaboradores o trabalho em casa, home office. Isolamento social e trabalho em casa, neste momento, são as melhores saídas para não propagar ainda mais os casos da Covid-19 e garantir segurança e saúde às famílias.
Infelizmente, essa realidade sobre a falta de moradia ou moradias inadequadas que neste momento vem à tona, não é novidade para a sociedade brasileira, tampouco, para a gestão pública. O que precisa se avaliar nesse momento é como podemos aproveitar a oportunidade do caos para refletir e agir, no sentido de evoluir para as soluções, já que o deficit de habitação vivido no País, existe e permanece, com ou sem crise do coronavírus – o problema agora só ganha destaque e relevância.
Diante desse cenário, uma alternativa que deve ser considerada é a promoção de ações que possam favorecer, também, a aquisição de moradias com condições facilitadas pela população. A medida, certamente, não resolverá a questão a curto prazo, mas deve ser planejada como solução tanto para habitação, como também de saúde e bem estar social de uma população. “Adquirir um imóvel exige planejamento financeiro. Neste momento, estamos acompanhando o mundo todo exigindo que as pessoas fiquem em suas casas, tenham um lar como medida de proteção às suas vidas. Propiciar essa aquisição é uma ação social”, avalia o diretor executivo da CICOM, de Guarulhos (SP), Carlos Massini.
O cooperativismo habitacional é uma alternativa viável, com menor custo, facilidades de aquisição, e que pode ser uma medida importante para transformar a realidade que vivemos. As pessoas que optam pela compra de um imóvel através do cooperativismo, conseguem vantagens que partem do valor bem abaixo do mercado e vão até facilidades indisponíveis em outras modalidades, como a adesão de trabalhadores informais ou ainda, que estejam com o nome negativado, condições presentes em uma parcela muito significativa da população, excluídas dos meios convencionais de financiamento e que, com a crise, se tornarão ainda mais evidentes no País. “O interesse social é um dos pilares do cooperativismo. Uma cooperativa tem como propósito fomentar a colaboração, gerando desenvolvimento tanto para os seus cooperados, quanto para a sociedade. Ao dividir resultados e operar com custos mais justos, essas instituições conferem valor à renda gerada nas próprias localidades onde estão, desenvolvendo um ciclo virtuoso de crescimento”, explica Carlos Massini.
Os cooperados são agrupados para facilitar a definição do projeto e os detalhes da construção habitacional. A CICOM atua nesse segmento e permite que tudo seja acompanhando pelo associado, que discute de forma conjunta com os gestores os rumos do projeto, inclusive definindo a compra do terreno, dos materiais de construção e contratação da mão de obra. “O cooperativismo habitacional é uma alternativa que deve ser valorizada pelos gestores públicos e ganhar cada dia mais a confiança da população. É através desse modelo de aquisição que a população pode ser acolhida e beneficiada, tendo a garantia de bem estar e saúde que precisa nos momentos mais difíceis que a vida apresentar, como agora com a pandemia” conclui Massini.
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