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Foto do escritorLigia Gabrielli

Assessoria política e o pré-planejamento eleitoral

A assessoria política ganha mais importância com o cenário que se forma para a próxima disputa eleitoral. Com a velocidade das informações, os analistas já iniciam as estratégias para mais uma eleição com muitas novidades digitais. Se especialistas atribuem o resultado das escolhas de 2018 às redes sociais e às inúmeras possibilidades que ela impõe, já se imagina também que a próxima eleição municipal estará associada a muitos desafios.


Aliás, a eleição municipal é mais que uma disputa regionalizada, é a partir dela que partidos e políticos começam a aglutinar forças com vistas às eleições dos anos seguintes. A escolha dos prefeitos e vereadores dos 5600 municípios brasileiros é uma etapa de organização do sistema representativo do país para enfrentar eleições de governadores, senadores e até para a presidência do país. As coligações vão demonstrando o resultado da junção de forças planejadas para a esfera política, que também servem de teste para o surgimento de nomes e avaliação de possibilidades. É importante saber que mudanças nas regras para o próximo pleito só permitirão coligações para o cargo de prefeito.


Novas regras para a Eleição municipal e o uso das redes sociais


Na eleição de 2016, ao todo, 29 partidos políticos elegeram vereadores e 30 siglas emplacaram prefeitos, mas apenas 10 delas concentraram 84% dos eleitos, já entre os vereadores que assumiram, as 10 maiores siglas elegeram 71% do total. O multipartidarismo brasileiro distribui votos e força nas mais variadas camadas de postulantes aos cargos, fato que pode sofrer alguma alteração com as novidades da lei eleitoral. Em 2020, os partidos não poderão fazer coligações para a para o cargo de vereador e as siglas deverão concorrer sozinhas nas eleições proporcionais. Cada partido também terá limite no número de candidatos, de acordo com o número de vagas em disputa.


Correr na disputa sozinho pode representar vantagem ao candidato que não terá que se preocupar com os chamados puxadores de votos, que sempre ajudaram a eleger àqueles com menor votação. Por outro lado, terá que ousar para ser visto entre tantos nomes. A estratégia a ser traçada não envolve apenas a conta de quantos votos serão necessários, mas também da análise de quais argumentos e projetos podem atrair mais a atenção dos eleitores. É fato que depois das eleições de 2018, na qual as ferramentas digitais impactaram fortemente o resultado, nenhuma nova disputa será igual, a não ser pelo planejamento estratégico.


As assessorias políticas mais atentas e eficientes já estão pesquisando quais os melhores estudos e estratégias que poderão guiar os passos dos mais ousados pretendentes na busca da nova trajetória política que se desenha. Os fatores socioeconômicos que vão influenciar a intenção de voto também representam quesito importante nesta análise, já que sempre nortearam discursos e propostas, mas agora são multiplicados pela velocidade da internet, das redes sociais e das inúmeras possibilidades inseridas com o ambiente digital, mas claro, dentro do que está regido pelas regras eleitorais.


A assessoria política também se reinventa, ganhando agilidade e a responsabilidade de entender o processo, buscar a atenção dos eleitores em segundos. Uma pesquisa do National Center for Biotechnologial Information mostra que o intervalo de atenção humana caiu de 12 segundos, em 2000, para 8 segundos em 2013. O motivo vem sendo atribuído ao volume esmagador de mensagens que os usuários de dispositivos móveis sempre conectados recebem diariamente. A presença nas redes sociais é necessária. Quem vislumbra ser candidato deve agir imediatamente, ser constante, provocativo e firme nas suas ideias. E se o tempo anda escasso, a preocupação não está mais limitada ao tempo de propaganda política na TV, a ferramenta tradicional inicia uma discussão, mas é nas redes sociais que o debate se consolida.


Fazer política exige exposição, é essencial ter canal no Youtube, uma fanpage receptiva, grupos no WhatsApp e espaço digital para dialogar com os possíveis seguidores. A conectividade permite a todos falar e participar, e a exemplos das últimas eleições no Brasil, a multidão defende com unhas e dentes aqueles que representam seus pensamentos. Quanto mais cedo as posições forem definidas, se fortalece essa opinião e atrai eleitores dispostos a defender a causa. É importante ressaltar que não é benéfica a mudança contínua de opinião, para isso é importante avaliar o melhor posicionamento antes da tomada de decisão. Hoje existem metodologias específicas para isso, recursos de inteligência artificial e equipes especializadas em assessoria política com a expertise para a reflexão sobre cada fato para direcionar a melhor estratégia caso a caso.

Eleições 2018: da possibilidade à prática


Analistas se dividem na análise da eleição do presidente Jair Bolsonaro. Sobre certo e errado é a justiça eleitoral quem deve decidir, mas alguns números mostram aumento exponencial da figura política antes da disputa, já que Bolsonaro sempre cultivou o uso das redes sociais. No primeiro turno da eleição de 2018, no Facebook, o então candidato liderou com mais de 5 milhões de interações. Em 2014, eram 200 mil seguidores e em 2018, o político tinha em seu rastro digital mais de 9 milhões de contatos. Desta forma, ele tinha à sua disposição uma audiência expressiva e em grande parte apoiadora das ideias. Engajamento espontâneo é o que todos buscam nas redes sociais, efeito que Bolsonaro conseguiu atrair, manter e multiplicar com suas estratégias digitais em tempo real. Assim como Bolsonaro, outros players da política usam as redes sociais e seus milhares de seguidores para pedir ajuda, inclusive para que os apoiadores os defendam de ataques. É engajamento certo, construído e poder garantido.


Já sob a influência do mundo digital é mais comum assumir conselhos de estranhos do que a recomendação de uma celebridade. A internet é o ambiente perfeito para alavancar e tornar conhecido um projeto, uma ideia ou um candidato, mas o planejamento continua sendo a melhor estratégia. O que vai explicar novas ondas ou velhas articulações neste universo digital é subjetivo, mas o que vence uma eleição ainda é o maior número de votos.

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